Paulo, escrevendo a Timóteo, declara que sua morte está próxima e carrega consigo uma certeza: ter combatido o bom combate e ter guardado o que ele tinha descoberto como seu bem mais precioso: Sua fé.

Eis  o testamento que ele deixa, sua riqueza maior, guardar a fé. A fé a qual ele se refere é aquela que nasceu de seu encontro pessoal com Cristo no caminho de Damasco. Por ela deu sua vida, sofreu todos  os tipos de ameaças, injúrias, maus tratos. Nenhuma dessas maldades foi forte o suficiente para fazê-lo desistir ou enfraquecer em sua luta. Pelo contrário, se alegrava em suas fraquezas e as suportava por amor a Cristo. Quanta coragem e convicção para um homem que tinha conhecido o outro lado da vida. Quando, como fariseu convicto, perseguia cristãos e tinha prazer em buscá-los onde estivessem para encarcerá-los. Com cartas na mão que o autorizavam a prender inocentes, vangloriava-se de cumpridor da lei, melhor do que ninguém. Gabava-se de seus méritos por ter sido aluno de Gamaliel, mestre douto e prestigiado entre os fariseus.  Sua experiência de encontro com Cristo mudou tudo em sua vida. Aquilo que antes era glória, virou lixo. Encontrou sentido para sua vida, doando-a à causa do Evangelho. Seu testemunho converteu milhares de conterrâneos seus e outros, mundo afora. Tornou-se o apóstolo dos gentios, isto é, dos não judeus. Junto com Pedro tornou-se baluarte da Igreja. Seus ensinamentos contidos em suas cartas revelam um evangelho vivo, capaz de iluminar e propor mudanças de rumos para vidas voltadas para honras e sucessos. Sua voz repercutiu nas terras gregas, asiáticas, romanas e continuam ecoando entre todas as nações. Nós o ouvimos frequentemente nas liturgias cultuais e eucarísticas. Sua voz não pára de anunciar Cristo morto e ressuscitado, escândalo para alguns, sabedoria de Deus para outros.

Combater o bom combate, aquele que leva à vida plena, bem diferente do combate feito pelas armas de destruição e morte. Correr com Paulo, como verdadeiro desportista das causas de Cristo, para conquistar o prêmio da vida eterna é a grande proposta para quem quer realizar-se plenamente como humano. É enganadora a que prega referencialidade como centro e busca de vida. Nosso mundo marcado por egocentrismos e disputas por poder de dominação frustram o coração humano que anseia por aquilo que Paulo descobriu ao aderir à fé feita na experiência concreta de um encontro pessoal com Cristo. Tal experiência está ao alcance de todos. Para isso é preciso ter coragem do desprendimento e abnegação diante do desafio que Jesus coloca para quem assim quer:  “renunciar a si mesmo”, abandonando as próprias vaidades, ganâncias, autopromoção, insensibilidade diante do sofrimento alheio e aderindo à solidariedade, à caridade, ao bem do outro. É perdendo que se ganha segundo a lógica de Cristo. Paulo acreditou nisso e foi até o fim, por isso pode dizer, terminei a carreira, combati o bom combate, guardei a fé. Foi-lhe reservada a coroa da vitória: a vida eterna.

Diacono João Gualberto SDS

  Autor:

P. Deolino Pedro Baldissera, sds